Benchmarking dos indicadores econômicos entre a produção orgânica de leite e o sistema convencional com produtividade similares / Benchmarking of economic indicators between organic and conventional milk production with similar productivity

Autores

  • Thérèsse Camille Nascimento Holmström
  • Dayane Aparecida Santos
  • Nelma Fragatta
  • Fernanda Giácomo Ragazzi
  • Elisa Cristina Modesto

DOI:

https://doi.org/10.34188/bjaerv3n2-030

Palavras-chave:

margem bruta, margem líquida, número de vacas em lactação, produtividade e sustentabilidade

Resumo

Na agropecuária nacional, a produção orgânica de leite é um processo, com escassas informações sobre sua viabilidade econômico-financeira. E isso pode ser explicado pela pouca oferta dos produtos orgânicos no mercado e pelo pagamento diferenciado dos mesmos. Outro fator que pode estar contribuindo negativamente para este quadro são os custos mais elevados em comparação ao sistema convencional de produção de leite. O objetivo do presente trabalho foi avaliar a viabilidade da produção de leite no sistema orgânico, comparando os indicadores econômicos com o sistema convencional de produção, utilizando a ferramenta Benchmark em propriedades com número de vacas lactantes similares. Os indicadores econômicos analisados foram: margem bruta (R$/L/dia); margem bruta (R$/ano); margem líquida (R$/L); margem líquida (R$/ano); margem líquida (R$/ha), custo médio (R$/L), retorno sobre o capital investido (%), receita total (R$/L) e fluxos de caixa (R$/ha/L). Como resultados, a propriedade orgânica teve R$ 0,20/L e R$89.060,00/ano para margens brutas e -R$0,21/L, -R$93.513,00/ano; -R$10,47/ha para margens líquidas. Observa-se que a fazenda orgânica apresenta o segundo melhor desempenho nas duas margens brutas, sendo os valores positivos por litro de leite, por ano. No entanto, no caso das margens líquidas, observa-se um resultado negativo por litro de leite, por ano e por área. Nas margens líquidas, a propriedade orgânica ficou em quinto lugar por litro de leite, ano e área. Considerando o custo médio do litro do leite, a propriedade orgânica ficou na quarta colocação, abaixo de três propriedades convencionais. Apesar de possuir muitos entraves para sua produção, ainda assim, nesta comparação, a propriedade orgânica ficou em melhor colocação do que três propriedades convencionais de similar tamanho, ou seja, conseguiu manejar o sistema de forma sustentável e bem competitiva com o sistema convencional. O retorno sobre o capital investido da propriedade leiteira foi negativo, possuindo o segundo menor RCI comparado às outras propriedades convencionais. O retorno sobre o capital investido da propriedade leiteira foi negativo, possuindo o segundo menor RCI comparado às outras propriedades convencionais. Se faz necessário advertir que a propriedade orgânica vende produtos lácteos e na tabela a comparação é por leite fluido, o que torna a comparação injusta já que, como alegado anteriormente, uma vez que, por vender derivados, o litro do leite é muito mais elevado do que os meros R$ 1,20 que lhe é atribuído no trabalho para efeito de comparação e análise de viabilidade do sistema. A receita total por litro de leite da propriedade orgânica foi a segunda mais alta, sendo menor em R$ 0,15 em comparação com a propriedade de maior RT. Quando comparada com as outras propriedades, foi maior em R$ 0,02 em relação à segunda fazenda convencional com o maior RT, e em R$ 0,30 comparado com a fazenda convencional de menor RT, mostrando que o retorno financeiro seria de R$ 0,15 no leite orgânico, R$ 0,26 e -R$ 0,70, respectivamente para as propriedades citadas. Se o preço do leite fosse atribuído ao valor que a fazenda realmente recebe por litro, essa situação mudaria, observando que a correção das margens líquidas com base nesse valor real do litro de leite, nas margens por litro de leite, por ano e por área seria de R$8,54; R$3.480.582,00 e R$ 139.223,28, respectivamente e o fluxo de Caixa em reais e em reais por hectare por mês seria R$ 246.492,89 e R$ 9.859,71, respectivamente. Portanto, pode-se concluir que a produção de leite no modelo orgânico é sustentável, demonstrando a competitividade do sistema orgânico em relação aos sistemas convencionais, quando a base de comparação é o número de vacas lactantes de cada propriedade.

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Publicado

2020-06-08

Como Citar

Holmström, T. C. N., Santos, D. A., Fragatta, N., Ragazzi, F. G., & Modesto, E. C. (2020). Benchmarking dos indicadores econômicos entre a produção orgânica de leite e o sistema convencional com produtividade similares / Benchmarking of economic indicators between organic and conventional milk production with similar productivity. Brazilian Journal of Animal and Environmental Research, 3(2), 705–714. https://doi.org/10.34188/bjaerv3n2-030

Edição

Seção

Artigos originais