Avaliação do polimorfismo na enzima esterase em populações naturais de Aedes aegypti em Chapada de Guimarães, Mato Grosso

Authors

  • Érica Oliveira de Lima
  • Fabiana A. Caldart Rodrigues
  • Cristina M. Butakka
  • Rosina D. Miyazaki
  • Lenicy L. de Miranda Cerqueira
  • Sandra Mariotto

DOI:

https://doi.org/10.34117/bjdv7n2-477

Keywords:

Mosquito, Controle, Fases Estacionais e Resistência metabólica.

Abstract

O mosquito Aedes aegypti é originário da África, constituindo populações selvagens e domésticas. Ele é adaptado ao ambiente urbano, utilizando recipientes com acúmulo de água para colocar seus ovos. Seu controle é realizado por meio produtos químicos, biológicos e manejo ambiental, infelizmente essa classe de insetos possuem a capacidade de eliminar compostos nocivos do organismo por meio de enzimas como as esterases que conferem resistência ao mosquito. Esse trabalho teve como objetivo avaliar o polimorfismo das esterases em populações naturais, assim como identificar uma região de atividade enzimática que apresenta variação de diversidade da enzima nesta população. Para o desenvolvimento do trabalho, foram utilizadas armadilhas do tipo ovitrampa para obtenção das amostras, seguidos da utilização da eletroforese em gel de poliacrilamida para análise das enzimas esterases. A classificação das esterases foi feita de acordo com sua afinidade para alpha naftil. Foram coletadas 111 amostras de Aedes aegypti em Chapada dos Guimarães - MT entre os meses de fevereiro a novembro de 2016 em três períodos estacionais (cheia, vazante e enchente), dentre as quais 39 amostras apresentaram alelos superexpressos e 72 apresentaram alelos expressos. Houve maior concentração de coleta nos períodos de cheia e enchente, visto que são épocas propícias para o desenvolvimento do mosquito, a fase estacional cheia se obteve maior superexpressão da enzima esterase.  Identificou-se diferenças altamente significativas entre os períodos de amostragem (F4, 106= 7.0904; p= 0.0000) (Figura 3) e as fases estacionais (F2, 108= 14.018; p= 0.0000), demostrando uma tendência da população a se tornar resistente. Portanto pode-se concluir que há polimorfismo nesta população, apontando que há fatores externos interferindo na seleção destes organismos, fazendo com que os indivíduos apresentem a enzima esterase na sua forma superexpressa, o que é preocupante, pois torna seu controle mais difícil, em vista que a esterase proporciona a detoxificação do organismo, tornando-o resistente a substâncias químicas como os inseticidas usados em seu controle.

References

ALMEIDA, A. P. G. Os Mosquitos (Diptera, Culicidae) e a Sua Importância Médica em Portugal: Desafios para o Século XXI. Acta Médica Portuguesa, v. 24, n. 6, p. 961–974, 2011.

ARAÚJO, A. P. Análise da resistência a inseticidas químicos em populações de Aedes aegypti (Diptera: Culicidae), de Municípios do Estado de Pernambuco. 120 p. Tese (Doutorado em Saúde Pública) - Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães, Fundação Oswaldo Cruz, Recife, 2013.

ÅSTRÖM, C. et al. Potential distribution of dengue fever under scenarios of climate change and economic development. EcoHealth, v. 9, n. 4, p. 448–454, 2013.

BRAGA, I. A.; VALLE, D. Aedes aegypti: inseticidas, mecanismos de ação e resistência. Epidemiologia e Serviços de Saúde, v. 16, n. 4, p. 279–293, 2007.

BUTAKKA, C. M. et al. Investigation of isoenzyme ?-esterase in Aedes aegypti from two municipalities of Mato Grosso. Mundo da Saude, v. 43, n. 4, p. 976–995, 2019.

BROGDON, W. G.; MCALLISTER, J. C. Insecticide resistance and vector control. Emerging Infectious Diseases. Vol. 4, No. 4, October/December, 1998.

CARVALHO, L. M. DO S. et al. Susceptibility of Aedes aegypti larvae to the insecticide temephos in the Federal District, Brazil. Revista de Saude Publica, v. 38, n. 5, p. 623–629, 2004.

COELHO, G. E. Dengue: desafios atuais. Epidemiologia e Serviços de Saúde, v. 17, n. 3, p. 231–233, 2008.

DAS, M.; DUTTA, P. Status of insecticide resistance and detoxifying enzyme activity of Aedes albopictus population in Sonitpur district of Assam, India. International Journal of Mosquito Research, v. 1, n. 4, p. 35–41, 2014.

FAY, R. W.; ELIASON D. A. A preferred oviposition site as surveillance method for Aedes aegypti. Mosquito News, v.26, p. 531-535, 1966.

GIGLIOLLI, A. A. S.; LUCENA, A. L. M.; LAPENTA, A. S. Identificação e Caracterização das Esterases em Tribolium castaneum (Coleoptera: Tenebrionidae). Saúde e Biologia, v.6, n.1, p.25-35, jan. /abr. 2011.

GONZÁLEZ, F. J. C; LAKE, I. R. BENTHAM, I. R. L. G. Climate variability and dengue fever in warm and humid Mexico. American Journal of Tropical Medicine and Hygiene, v. 84, n. 5, p. 757–763, 2011.

GUIRADO, M. M. Caracterização dos padrões de esterase do mosquito Aedes aegypti (Diptera, Culicidae), resistentes e suscetíveis a inseticidas utilizados no seu controle. p. 72. Tese (Doutorado em Genética). Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas. Universidade Estadual Paulista, 2008.

GUIRADO, M. M.; ELLY, H.; CAMPOS, M. Alguns aspectos do controle populacional e da resistência a inseticidas em Aedes aegypti (Diptera, Culicidae). Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas, v. 6, n. 64, p. 5–14, 2009.

HIRAGI, C. et al. Variabilidade Genética em Populações de Aedes aegypti (L.) (Diptera: Culicidae) Utilizando Marcadores de RAPD. Neotropical Entomology, v. 38, n. 4, p. 542-547, julh. /agos. 2009.

KRAEMER, M. U. G. et al. The global distribution of the arbovirus vectors Aedes aegypti and Ae. Albopictus. eLife, v. 4, n. JUNE2015, p. 1–18, 2015.

LI, X. SCHULER, M. A.; BERENBAUM, M. R. Molecular Mechanisms of Metabolic Resistance to Synthetic and Natural Xenobiotics. Annual Review of Entomology, v. 52, p. 231–253, 2007.

LIMA, E. P. et al. Resistência do Aedes aegypti ao Temefós em Municípios do Estado do Ceará. Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v. 39, n. 3, p. 259-263, mai-jun. 2006.

LUNA, J. E. D. et al. Susceptibility of Aedes aegypti to temephos and cypermethrin insecticides, Brazil. Revista de Saude Publica, v. 38, n. 6, p. 842–843, 2004.

MIYAZAKI, R. D. et al. Monitoramento do mosquito Aedes aegypti (Linnaeus, 1762) (Diptera: Culicidae), por meio de ovitrampas no Campus da Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá, Estado de Mato Grosso. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v. 42, n. 4, p. 392–397, 2009.

MONTELLA, I. R.; SCHAMA, R.; VALLE, D. The classification of esterases: An important gene family involved in insecticide resistance - A review. Memorias do Instituto Oswaldo Cruz, v. 107, n. 4, p. 437–449, 2012.

NAUEN, R. Perspective Insecticide resistance in disease vectors of public health importance. Pest Management Science, v. 63, p. 628–633, 2007.

OLIVEIRA, R. L. Dengue: teorias e práticas. In: VALLE, D., PIMENTA, D.N., CUNHA, RV. (Orgs). Editora FIOCRUZ. Rio de Janeiro, 2015. cap. 3, p. 75-92.

PLAPP, F. W. Biochemical genetics of insecticide resistance. Annu. Rev. Entomol.1976.

PAIVA, M. H. S. Monitoramento do gene, que codifica a esterase, envolvido na resistência a inseticidas organofosforados em populações naturais de Aedes aegypti do Brasil. 72 p. Tese (Mestrado em Saúde Pública) - Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães, Fundação Oswaldo Cruz, Recife, 2006.

PAIVA, M. H. S., LOVIN D. D, MORI, A. SANTOS, M. A V, SEVERSON D. W., AYRES C. F.J. Identification of a major Quantitative Trait Locus determining resistance to the organophosphate temophos in the dengue vector mosquito Aedes aegypti. Genomics. Bethesda, 2016; 107: 40-48.

RODRIGUES, F. C. Ecogenotoxicologia dos agrotóxicos: avaliação comparativa entre ecossistema agrícola e área de proteção ambiental. p. 97. Tese (Doutorado em genética). Departamento de genética e patologia – UnB. Brasília, 2006.

SODERLUND. D. M. Molecular Mechanisms, of Insecticide Resistance. Chemistry of Plant Protection, Vol. 13, 1997.

SOUZA, M. W. B. Mecanismos de resistência toxicológica em populações de Cimex lectularius: uma revisão bibliográfica. p. Monografia (Especialização em Entomologia Urbana). Instituto de Biociências do Campus de Rio Claro, Universidade Estadual Paulista, São Paulo, 2013.

TEIXEIRA, M. DA G.; BARRETO, M. L. Erradicar o Aedes aegypti. Ciência e Saúde Coletiva, v. 1, n. 1, p. 122–136, 1996.

ZARA, A. L. DE S. A. et al. Estratégias de controle do Aedes aegypti: uma revisão. Epidemiologia e servicos de saude: revista do Sistema Unico de Saude do Brasil. v. 25, n. 2, p. 391–404, 2016.

Published

2021-02-23

How to Cite

Lima, Érica O. de, Rodrigues, F. A. C., Butakka, C. M., Miyazaki, R. D., Cerqueira, L. L. de M., & Mariotto, S. (2021). Avaliação do polimorfismo na enzima esterase em populações naturais de Aedes aegypti em Chapada de Guimarães, Mato Grosso. Brazilian Journal of Development, 7(2), 18539–18552. https://doi.org/10.34117/bjdv7n2-477

Issue

Section

Original Papers