A importância da dança na vida do deficiente visual Pesquisa na Associação Mafrense dos Deficientes Visuais – AMADEV / The importance of dance in the life of the visually impaired Research at the Mafrense Association for the Visually Impaired - AMADEV

Authors

  • Eduardo Gabriel Chaves Melo dos Santos Brazilian Journals Publicações de Periódicos, São José dos Pinhais, Paraná
  • Gabriel Soares de Lemos
  • Paulo Sérgio Loiácono Bettes

DOI:

https://doi.org/10.34117/bjdv7n11-451

Abstract

Segundo o Censo 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 18,6% dos brasileiros sofrem de algum tipo de deficiência visual. Dentre as pessoas com deficiência visual, 6,5 milhões a possuem de forma severa, 506 mil têm perda total da visão (0,3%) e 6 milhões têm grande dificuldade para enxergar (3,2%). De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), em 2013, verificou-se que os principais motivos de perda da visão incluem a catarata, o tracoma e o glaucoma, que somados representam 70% da cegueira a nível mundial.

Segundo CID-10, considera-se pessoa com deficiência visual aquela que apresenta baixa visão ou cegueira. Julga-se baixa visão ou visão subnormal, quando a acuidade visual corrigida no melhor olho é menor do que 0,3 e maior ou igual a 0,05 ou seu campo visual é menor do que 20º no melhor olho com a melhor correção óptica (categorias 1 e 2 de graus de comprometimento visual). Considera-se, ainda, cegueira quando esses valores se encontram abaixo de 0,05 ou o campo visual menor do que 10º (categorias 3, 4 e 5 do CID 10).

O domínio dos movimentos da dança pelo cego depende das condições ambientais e do grau adequado do corpo para realizar esses movimentos por meio da percepção, de forma a estabelecer uma conexão entre a sensação e os movimentos complexos. Isso permite que o indivíduo preveja psicologicamente comportamentos esportivos cada vez mais complexos, enquanto o corpo participa da construção desse conhecimento (CAZÉ; OLIVEIRA, 2008).

A dança é uma das expressões artísticas mais antigas. Atualmente, ela é praticada não só como arte, mas também como forma de se adquirir qualidade de vida (SANTOS, 1996). Dentre os benefícios que a dança traz, estão o aumento da frequência cardíaca, ajudando o coração a bombear mais sangue para órgãos e tecidos, fortalecimento da musculatura corporal, diminuição da perda de massa óssea, prevenindo danos como osteoporose, aumento da frequência respiratória, liberação de endorfina e serotonina, conhecidos como neurotransmissores da felicidade, redução de dores, melhora da flexibilidade, da agilidade, da coordenação motora e do ritmo (WADE; JONES, 2006).

A modalidade proprioceptiva, uma das atuantes no equilíbrio e noção do corpo no espaço, tem como grande auxiliar a visão. Com a visão e sistema proprioceptivo preservado, o indivíduo tem melhor destreza motora, maior equilíbrio e coordenação. Sabendo que o deficiente visual carece desse auxiliar, a dança adentra na vida de quem a pratica para refinar essas questões. Segundo ZUCHETTO; LIMA (2008), com a prática regular da dança, deficientes visuais têm maior desenvolvimento da cognição, da criatividade, da criticidade e da memorização. No aspecto motor, tem acréscimos no equilíbrio, na coordenação, na flexibilidade e na percepção sinestésica, como lateralidade, organização espacial e reconhecimento corporal (KATZ, 2005).

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Published

2021-11-24

How to Cite

dos Santos, E. G. C. M., de Lemos, G. S., & Bettes, P. S. L. (2021). A importância da dança na vida do deficiente visual Pesquisa na Associação Mafrense dos Deficientes Visuais – AMADEV / The importance of dance in the life of the visually impaired Research at the Mafrense Association for the Visually Impaired - AMADEV. Brazilian Journal of Development, 7(11), 108292–108306. https://doi.org/10.34117/bjdv7n11-451

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Original Papers