Fatores demográficos e clínicos associados ao óbito por AIDS em uma região no Sul do Brasil / Demographic and clinical factors associated with AIDS death in a Brazil Southern region

Authors

  • Rafaela Marioto Montanha
  • Gilselena Kerbauy
  • Ricardo Alexandre Arcêncio
  • Rejane Kiyomi Furuya
  • Natalia Marciano de Araujo Ferreira
  • Carla Fernanda Tiroli
  • João Victor Rodrigues Cardoso
  • Flávia Meneguetti Pieri

DOI:

https://doi.org/10.34117/bjdv8n1-409

Keywords:

Vírus da Imunodeficiência Humana, Síndrome de Imunodeficiência Adquirida, Mortalidade, Infecções Oportunistas Relacionadas com AIDS.

Abstract

O objetivo do estudo foi analisar os fatores demográficas e clínicos associados ao óbito por Aids. Este foi um estudo transversal, analítico, realizado com dados obtidos do Sistema de Informação de Agravo e Notificação HIV/Aids pertencentes a Macro Região Norte do Estado do Paraná, notificados no período de 2007 a 2019. Modelo de regressão de Poisson com variância robusta foi utilizado para estimar a razão de prevalência e seus respectivos intervalos de confiança de 95% (IC 95%), adotando um nível de significância de 0,05. Dos 5.591 casos notificados, 14,7% evoluíram a óbito por Aids no período. Na análise multivariada, o óbito foi associado ao sexo masculino (RP=1,38; IC95% 1,17-1,63), indivíduos sem escolaridade e até 8 anos de estudo (RP= 2,54; IC95% 1,81-3,57 e RP= 1,81; IC95% 1,51-2,16), heterossexuais (RP= 1,58; IC95% 1,28-1,94) e usuários de drogas injetáveis (RP= 1,67; IC95% 1,27-2,19). Contagem de linfócitos T CD4+ menor que 350 cel/mm³ foi o sinal clínico com maior prevalência de notificações e esteve associado ao óbito (1,43 (1,23-1,66). Criptococose extrapulmonar (RP= 3,90; IC95% 3,06-4,96), toxoplasmose cerebral (RP= 3,27; IC95% 2,72-3,92) e disfunção do Sistema Nervoso Central (RP= 2,84; IC95% 2,42-3,33) foram infecções oportunistas fortemente associadas ao óbito por Aids. Conclui-se que a mortalidade por Aids esteve associada aos homens, menor escolaridade, heterossexuais, uso de drogas injetáveis, apresentação de sinais clínicos e infecções oportunistas. Diagnóstico e tratamento oportuno e rastreio de infecções oportunistas devem ser priorizados a fim de reduzir a mortalidade dessa população.

References

AIDALA, A. A. et al. Housing status, medical care, and health outcomes among people living with HIV/AIDS: a systematic review. American Journal of Public Health, v. 106, n. 1, p. e1-e23, 2015. DOI: https://doi.org/10.2105/AJPH.2015.302905.

BARROS, A. J.; HIRAKATA, V. N. Alternatives for logistic regression in cross-sectional studies: an empirical comparison of models that directly estimate the prevalence ratio. BMC Medical Research Methodology, v. 20, n. 3, oct. 2003. DOI: 10.1186/1471-2288-3-21.

BRASIL. Ministério da Saúde. Boletim Epidemiológico HIV/Aids 2020, Brasília, DF, v. 1, p. 1-68, 2020.

BRASIL. Ministério da Saúde. Cuidado integral às pessoas que vivem com HIV pela Atenção Básica manual para a equipe multiprofissional. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2017.

BRASIL. Ministério da Saúde; Fundação Oswaldo Cruz. Introdução à estatística espacial para a saúde pública. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2006.

BRASIL. Ministério da Saúde. Protocolo clínico e diretrizes terapêuticas para adultos vivendo com HIV/Aids. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2018.

BRASI. Ministério da Saúde. Revisão da definição nacional de casos de aids em indivíduos com 13 anos ou mais, para fins de vigilância epidemiológica. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 1998.

CDC. Centers for Disease Control. Revised surveillance case definition for HIV infection. Morbidity and Mortality Weekly Report, v. 63, n. 3, p. 29-31, 2014.

CHIMBETETE, C. et al. Mortality trends and causes of death among HIV positive patients at Newlands Clinic in Harare, Zimbabwe. PLoS ONE, v. 15, n. 8, p. 1-13, 2020. DOI: 10.1371/journal.pone.0237904.

DIAS, B. R. L. et al. Integrative review on the incidence of HIV infection and its socio-spatial determinants. Revista Brasileira de Enfermagem, v. 74, n. 2, p. e20200905, 2021. DOI: https://doi.org/10.1590/0034-7167-2020-0905.

FOCACCIA, R. et al. Clinical and epidemiology evaluation of AIDS-infected patients hospitalized between 2011 and 2016 in the Santos region of Brazil. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v. 52, p. e20180126, 2019. DOI: https://doi.org/10.1590/0037-8682-0126-2018.

FORD, N. et al. Causes of hospital admission among people living with HIV worldwide: a systematic review and meta-analysis. Lancet HIV, v. 2, n. 10, p. 438-444, 2015. DOI: 10.1016/S2352-3018(15)00137-X.

FRANCISCO, M. T. R. et al. Testagem para o HIV e profilaxia pós-exposição entre homens que fazem/não fazem sexo com homens. Escola Anna Nery, v. 25, n. 3, p. 1-8, 2021. DOI: https://doi.org/10.1590/2177-9465-EAN-2020-0236.

GONÇALES, L. F. R. et al. Caracterização epidemiológica e clínica do HIV/AIDS: associações com a mortalidade. Revista Eletrônica Acervo Saúde, v. 13, n. 1, p. e5293, 2021. DOI: https://doi.org/10.25248/reas.e5293.2021.

GUIMARÃES, M. D. C. et al. Mortalidade por HIV/AIDS no Brasil, 2000-2015: Motivos para preocupação? Revista Brasileira de Epidemiologia, v. 20, p. 182-190, maio 2017. Supl. 1. DOI: https://doi.org/10.1590/1980-5497201700050015.

HAGUIHARA, T. et al. Factors associated with mortality in HIV patients failing antiretroviral therapy, in Salvador, Brazil. Brazilian Journal of Infectious Diseases, v. 23, n. 3, p. 160-163, may/jun. 2019. DOI: https://doi.org/10.1016/j.bjid.2019.06.001.

HOGAN, S. et al. Trends and determinants of HIV transmission among men who inject drugs in the Pokhara Valley, Nepal: analysis of cross-sectional studies. BMC Public Health, v. 21, 2021. DOI: https://doi.org/10.1186/s12889-021-10331-9.

HOWLETT, W. P. Neurological disorders in HIV in Africa: a review. African Health Sciences, v. 19, n. 2, p. 1953-1977, jun. 2019. DOI: 10.4314/ahs.v19i2.19.

LAKEW, Y.; BENEDICT, S.; HAILE, D. Social determinants of HIV infection, hotspot areas and subpopulation groups in Ethiopia: evidence from the National Demographic and Health Survey in 2011. BMJ Open, v. 5, n. 11, p. e008669, nov. 2015. DOI: 10.1136/bmjopen-2015-008669.

LAKOH, S. et al. Prevalence and mortality of cryptococcal disease in adults with advanced HIV in an urban tertiary hospital in Sierra Leone: a prospective study. BMC Infectious Diseases, v. 20, 2020. DOI: https://doi.org/10.1186/s12879-020-4862-x.

LEADEBAL, O. D. C. P. et al. Prevalência do alto risco de complicações clínicas associadas ao óbito por AIDS. Acta Paulista de Enfermagem, v. 32, n. 6, p. 683-690, nov./dez. 2019. DOI: https://doi.org/10.1590/1982-0194201900094.

LEWDEN, C. et al. Disease patterns and causes of death of hospitalized HIV-positive adults in West Africa: a multicountry survey in the antirretroviral treatment era. Journal of the International AIDS Society, v. 17, n. 1, p. 18797, apr. 2014. DOI: 10.7448/IAS.17.1.18797.

LOPES, L. M. et al. Fatores de vulnerabilidade associados às internações por HIV/AIDS: estudo caso controle. Revista Brasileira de Enfermagem, v. 73, n. 3, p. e20180979, 2020. DOI: https://doi.org/10.1590/0034-7167-2018-0979.

MAGNO, E. DA S.; SARAIVA, M. DAS G. G.; MENEZES, C. H. DE A. B. DE. Causas de óbito relacionadas ao HIV/AIDS em Instituição de referência, Amazonas, 2016 / Deaths related to HIV/AIDS in reference institution, Amazonas, 2016. Brazilian Journal of Health Review, v. 2, n. 2, p. 787–799, 2019.

MARANHÃO, T. A. et al. Mortality due to acquired immunodeficiency syndrome and associated social factors: a spatial analysis. Revista Brasileira de Enfermagem, v. 73, p. e20200002, 2020. Supl. 5. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/0034-7167-2020-0002.

MELO, M. C. de et al. Sobrevida de pacientes com AIDS e associação com escolaridade e raça/cor da pele no Sul e Sudeste do Brasil: estudo de coorte, 1998-1999. Epidemiologia e Serviços de Saúde: Revista do Sistema Único de Saúde do Brasil, v. 28, n. 1, p. e2018047, 2019. DOI: https://doi.org/10.5123/S1679-49742019000100012.

MOCELLIN, L. P. et al. Caracterização dos óbitos e dos itinerários terapêuticos investigados pelo Comitê Municipal de Mortalidade por AIDS de Porto Alegre em 2015. Epidemiologia e Serviços de Saúde: Revista do Sistema Único de Saúde do Brasil, v. 29, n. 3, p. e2019355, 2020. DOI: https://doi.org/10.5123/S1679-49742020000300009.

MOTA, T. S.; DONASILIO, M. R.; SILVEIRA, L. V. A. Risco espacial de óbito de pacientes com AIDS em Campinas, São Paulo, Brasil. Revista Brasileira de Epidemiologia, v. 21, p. e180017, 2018. DOI: https://doi.org/10.1590/1980-549720180017.

MÜLLER, E. V.; BORGES, P. K. de O. Sobrevida de pacientes HIV/AIDS em tratamento antirretroviral e fatores associados na região dos Campos Gerais, Paraná: 2002-2014. Brazilian Journal of Development, v. 6, n. 5, p. 28523-28542, 2020. DOI: 10.34117/bjdv6n5-339.

NIGUSSIE, F. et al. Survival and predictors of mortality among adult HIV/AIDS patients initiating highly active antiretroviral therapy in debre-berhan referral hospital, amhara, ethiopia: a retrospective study. HIV/AIDS - Research and Palliative Care, v. 12, p. 757-768, 2020. DOI: https://doi.org/10.2147/HIV.S274747.

PARANÁ. Ministério Público do Paraná. Regionais de saúde. 2021. Disponível em: https://saude.mppr.mp.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=522. Acesso em: 1 fev. 2021.

PATEL, P. et al. Estimating per-act HIV transmission risk: a systematic review. AIDS, v. 28, n. 10, p. 1509-1519, 2014. DOI: 10.1097/QAD.0000000000000298.

RIBEIRO, L. C. S. et al. Late diagnosis of human immunodeficiency virus infection and associated factors. Revista Latino-Americana de Enfermagem, v. 28, p. e3342, 2020. DOI: https://doi.org/10.1590/1518-8345.4072.3342.

ROSSETTO, M. et al. Factors associated with hospitalization and death among TB/HIV co-infected persons in Porto Alegre, Brazil. PLoS ONE, v. 14, n. 1, p. e0209174, jan. 2019. DOI: 10.1371/journal.pone.0209174.

TEIXEIRA, T. R. de A. et al. Social geography of AIDS in Brazil: identifying patterns of regional inequalities. Cadernos de Saúde Pública, v. 30, n. 2, p. 259-271, feb. 2014. DOI: https://doi.org/10.1590/0102-311X00051313.

UNAIDS. Estatísticas mundiais sobre o HIV. 2020. Disponível em: https://unaids.org.br/wp-content/uploads/2020/07/2020_07_05_UNAIDS_GR2020_FactSheet_PORT-final-1.pdf. Acesso em: 1 fev. 2021.

WHEELER, K. M. et al. Sociodemographic and health profile of heterosexual men living with HIV in Ontario, Canada. American Journal of Men’s Health, v. 11, n. 4, p. 855-862, mar. 2017. DOI: https://doi.org/10.1177/1557988317696639.

WHO. World Health Organization. Global tuberculosis report 2020. Geneva: World Health Organization, 2020.

WHO. World Health Organization. Guidelines on the diagnosis, prevention and management of cryptococcal disease in HIV-infected adults, adolescents and children: supplement to the 2016 consolidated guidelines on the use of antiretroviral drugs for treating and preventing HIV infection. Geneva: World Health Organization, 2018.

Published

2022-01-23

How to Cite

Montanha, R. M., Kerbauy, G., Arcêncio, R. A., Furuya, R. K., Ferreira, N. M. de A., Tiroli, C. F., Cardoso, J. V. R., & Pieri, F. M. (2022). Fatores demográficos e clínicos associados ao óbito por AIDS em uma região no Sul do Brasil / Demographic and clinical factors associated with AIDS death in a Brazil Southern region. Brazilian Journal of Development, 8(1), 6033–6051. https://doi.org/10.34117/bjdv8n1-409

Issue

Section

Original Papers