O exame de proficiência em língua portuguesa da pucpr: uma prática de letramento acadêmico nos cursos de graduação / Pucpr's Portuguese language proficiency exam: an academic literacy practice in undergraduate courses
DOI:
https://doi.org/10.34117/bjdv5n11-288Keywords:
Exame de proficiência em língua portuguesa na graduação. Validação do processo avaliativo. Influências sobre o ensino-aprendizagem.Abstract
Este trabalho propõe-se a refletir sobre o processo de avaliação proposto por exames de proficiência em língua portuguesa, como língua materna, em cursos de graduação, o que contempla todos os cursos de licenciatura da PUCPR. Para tanto, apresentamos a pesquisa teórica que embasa o Exame de Proficiência em Língua Portuguesa (EPLP) aplicado na PUCPR. O EPLP foi implementado na PUCPR para todos os graduandos ingressantes a partir de 2013, e surgiu em consonância com a implementação, em 2013, do novo Projeto Pedagógico Institucional, e com o Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes. Esse exame objetiva avaliar a competência leitora de diferentes gêneros textuais de base expositiva e/ou argumentativa, e a competência escrita de textos de gêneros acadêmicos. Optou-se por uma concepção de linguagem e de gênero tal qual formulada por Bakhtin (1997), compreendendo que o domínio de um gênero é um comportamento social, o que pressupõe a prática desse gênero na sua esfera de circulação e pertencimento. A respeito dessa esfera, Creme e Lea (2003) argumentam que, quando mapeamos a escrita na universidade, pensamos em como escrever um ensaio, um artigo ou um relatório, mas é fundamental levar em consideração as especificidades de um gênero acadêmico dependendo da área do conhecimento e das perspectivas teórico-metodológicas adotadas pelos saberes daquela área. Com base em Bourdieu (1998) e Soares (2001), outro importante aspecto a ser considerado são as relações de poder envolvidas nas relações mediadas pela linguagem, com nosso olhar especial às instituições acadêmicas. Ainda refletimos sobre o conceito de validação, que é central ao processo avaliativo, com base em Chapelle (1999) e Scaramucci (2011). A partir desse arcabouço teórico, refletimos sobre as práticas de letramento nas licenciaturas e nas demais graduações, e sobre ações que possam inspirar políticas educacionais para a área do letramento acadêmico na língua materna e sua avaliação.
References
BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 1997.
BAZERMANN, C. Shaping Written Knowledge: the genre and activity of the experimental article in science. Madison: University of Wisconsin Press, 1988.
____________. Escrita, gênero e interação social. São Paulo: Cortez, 2007.
BOURDIEU, P. A economia das trocas linguísticas. São Paulo: Edusp, 1998.
____________. The specificity of the scientific field and the social conditions of the progress of reason. Social Science Information, 14: 19-47, 1975.
____________. The genesis of the concepts of habitus and field. Sociocriticism, 2: 11-24, 1985.
____________. Language and Symbolic Power. Trad. G. Raymond, M. Adamson. Cambridge: Polity, 1991.
BRASIL. Ministério da Educação; Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Língua Portuguesa. Brasília: MEC/SEEF, 1997.
CHAPELLE, C. A. Validity in Language Assessment. Annual Review of Applied Linguistics. 19: 254-272, 1999.
CREME, P.; LEA, M. Writing at University. Buckingham: Open University Press, 2003.
Exame de Proficiência em Língua Portuguesa da PUCPR. Edital do concurso 2019-1. Disponível em: http://www.pucpr.br/concursos/eplp/edital.php. Acesso em 29 de julho de 2019.
HANKS, W. F. Pierre Bourdieu and the practices of language. In: Annual Review of Anthropology. 34: 67-83, 2005.
____________. Língua como prática social: das relações entre língua, cultura e sociedade a partir de Bourdieu e Bakhtin. Organizado por BENTES, A.C.; REZENDE, R.C.; MACHADO, M.A.R. (orgs.). São Paulo: Cortez, 2008.
HENNING, G. A Guide to Language Testing. Cambridge: Cambridge University Press, 1987.
MCNAMARA, T.; ROEVER, C. Language Testing: The Social Dimension. London: Blackwell Publishing Limited, 2006.
MESSICK, S. Validity. In: LINN, L. R. (Ed.) Educational Measurement. New York: American Council on Education & Macmillan, 13-103, 1989.
SCARAMUCCI, M.V.R. Validade e consequências sociais das avaliações em contextos de ensino de línguas. Linguarum Arena. vol.2:103-120, 2011.
__________. Prova de redação nos vestibulares: educacionalmente benéfica para o ensino/aprendizagem da escrita? In: FLORES, V. do N. et al.(orgs.). A redação no contexto do vestibular 2005 – a avaliação em perspectiva. Porto Alegre: Editora UFRGS, 37-57, 2005.
SOARES, M. Linguagem e escola. São Paulo: Ática, 2001.
__________. Letramento: um tema em três gêneros. Belo Horizonte: Autêntica, 2004.
STREET, B. V. Literacy in Theory and Practice. Cambridge: Cambridge University Press, 1984.
___________. “Hidden” Features of Academic Paper Writing. Working Papers in Educacional Linguistics. UPenn, 2009.
UNESCO Revised recommendation concerning the International Standardization of Educational Statistics. Paris: Unesco, 1978.