A moral judaico-cristã e o apequenamento do homem moderno: a possibilidade de compreensão de nossa epocalidade na crítica de Nietzsche ao “último homem” / The Judeo-Christian morality and the diminution of modern man: the possibility of understanding our epochality in Nietzsche's critique of the "last man"
Abstract
A postura ultraconservadora dos adultos brasileiros em relação a temas polêmicos como direitos iguais entre homens e mulheres, aceitar ou não um filho homossexual, ou dar importância à virgindade, não causaria maiores espantos a qualquer interlocutor mediano, mas a postura ultraconservadora da maioria dos jovens entre 18 e 24 anos sobre estes mesmos temas causaria, sim, torpor. Como explicar que antigos preconceitos continuam pautar a conduta tanto de nossos adultos como de nossos jovens em pleno fluxo do século XXI? Para respondermos este problema iremos recorrer às análises de Nietzsche sobre o modo como concebia o homem do seu tempo, ou seja, o homem presente na modernidade tardia do final do século XIX, tipificado por Nietzsche como o “último homem”. O objetivo deste artigo é sugerir que a chave interpretativa para compreendermos aspectos comportamentais, modos de vida e referencial valorativo decadente do homem contemporâneo inserido no século XXI em curso, deve recuperar o conceito de “último homem” presente em alguns argumentos referenciais de Friedrich Nietzsche (1844-1900) e depurar, a partir da leitura imanente de passagens sugestionais, o possível vínculo existente entre o modo de vida moderno tardio vazio, envolvido em “pequenos prazeres” e nós contemporâneos, pacatos acolhedores da vida bestializada.
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DOI: https://doi.org/10.34117/bjdv8n5-466