Sífilis congênita: análise do bonômio mãe/filho no estado de Sergipe na última década / Congenital syphilis: analysis of the mother-child bonomies in the state of Sergipe in the last decade

Authors

  • Winny Mikaelly Gonçalves Resende Brazilian Journals Publicações de Periódicos, São José dos Pinhais, Paraná
  • Giovanna Pimentel Oliveira Silva
  • Alessandro Santos Ferreira
  • Kaylane Fernanda Lima Santos
  • Ítalo Ruan Ribeiro Cruz
  • Izailza Matos Dantas Lopes

DOI:

https://doi.org/10.34119/bjhrv4n6-072

Keywords:

sífilis, congênita, gravidez, epidemiologia, história

Abstract

A sífilis é uma infecção causada pelo Treponema pallidum, com transmissão que costuma ocorrer por via sexual, podendo atravessar a placenta e atingir o feto, levando à sífilis congênita. A doença atingiu incidência de 8,2 casos/1000 nascidos vivos no ano de 2019, níveis superiores aos valores determinados pela Organização Mundial da Saúde além de associar-se a uma série de complicações. Diante da realidade exposta, o presente estudo objetivou analisar o binômio mãe/filho diagnosticados com sífilis gestacional e congênita durante os anos de 2011 e 2020 no estado de Sergipe a partir do estudoobservacional e retrospectivo mediante dados secundários do SINAN/DATASUS. Os dados foram compilados em planilhas por meio do programa Microsoft Excel® Office XP e, para a interpretação estatística desses, foram realizadas análise por meio de frequências relativas, absolutas e cálculo das médias e do desvio padrão. Foram identificados 4048 casos de sífilis gestacional e 3419 casos de sífilis congênita. A maioria das gestantes é parda, encontra-se na faixa entre 20 e 29 anos de idade e com baixa escolaridade. Verificou-se que 90,7% dos casos apresentaram diagnóstico de sífilis congênita precoce e a taxa de abortos/natimortos pela doença foi de 9,27%. Ainda no contexto da sífilis congênita, 75,4% das mães realizaram o pré-natal e 55,6% foram diagnosticadas somente em momentos posteriores, além disso, 69,4% dessas mães foram submetidas ao tratamento, porém, somente 1,4% foram consideradas adequadamente tratadas. Conclui-se que houve aumento no número de casos e taxas de detecção da sífilis gestacional e congênita e que, apesar da realização do pré-natal pela maioria das gestantes, o diagnóstico é dado de forma tardia e o tratamento é realizado inadequadamente, fatores que corroboram para a disseminação da doença e prejudicam o seu controle.

References

BRASIL. Ministério da Saúde. Diretrizes para o Controle da Sífilis Congênita/Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Programa Nacional de DST e Aids. Secretaria de Vigilância em Saúde. Programa Nacional de DST e Aids. Brasília: Ministério da Saúde, 2005. 52 p.

BRASIL. Ministério da Saúde. Doenças infecciosas e parasitárias: guia de bolso/ Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância Epidemiológica. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Brasília: Ministério da Saúde, 2010. 8. ed. rev. 488 p.

HICKS, Charles B. et al. Syphilis: Epidemiology, pathophysiology, and clinical manifestations in patients without HIV. UpToDate, 2020. ANTERIC, Ivana et al. Which theory for the origin of syphilis is true?. The journal of sexual medicine, v. 11, n. 12, p. 3112-3118, 2014.

ANTERIC, Ivana et al. Which theory for the origin of syphilis is true?. The journal of sexual medicine, v. 11, n. 12, p. 3112-3118, 2014.

MAATOUK, Ismael; MOUTRAN, Roy. History of syphilis: between poetry and medicine. The journal of sexual medicine, v. 11, n. 1, p. 307-310, 2014.

SARBU, I. et al. Brief history of syphilis. Journal of medicine and life, v. 7, n. 1, p. 4, 2014.

LOPES, Célia; POWELL, Mary Lucas; SANTOS, Ana Luísa. Syphilis and cirrhosis: a lethal combination in a XIX century individual identified from the Medical Schools Collection at the University of Coimbra (Portugal). Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, v. 105, p. 1050-1053, 2010.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. SECRETARIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE. DEPARTAMENTO DE VIGILÂNCIA, PREVENÇÃO E CONTROLE DAS INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS DO HIV/AIDS E HEPATITES VIRAIS. Nota Informativa nº 2, de 19 de setembro de 2017. Altera os critérios de definições de casos para notificação de sífilis adquirida, sífilis em gestantes e sífilis congênita. 2017.

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 542, de 22 de dezembro de 1986. Disponível em: http://www3.crt.saude.sp.gov.br/arquivos/arquivos_biblioteca_crt/Portarian542de22dez86.pdf. Acessado em: 30 de Setembro de 2021.

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 33, de 14 de julho de 2005. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/svs/2005/prt0033_14_07_2005.html. Acessado em: 30 de Setembro de 2021.

BEZERRA, Maria Lusia de Morais Belo et al. Congenital syphilis as a measure of maternal and child healthcare, Brazil. Emerging infectious diseases, v. 25, n. 8, p. 1469, 2019.

WORLD HEALTH ORGANIZATION et al. Global health sector strategy on sexually transmitted infections 2016-2021: toward ending STIs. World Health Organization, 2016.

SOEIRO, Claudia Marques de Oliveira et al. Syphilis in pregnancy and congenital syphilis in Amazonas State, Brazil: an evaluation using database linkage. Cadernos de saude publica, v. 30, p. 715-723, 2014.

LAFETÁ, Kátia Regina Gandra et al. Sífilis materna e congênita, subnotificação e difícil controle. Revista Brasileira de Epidemiologia, v. 19, p. 63-74, 2016.

WALKER, Damian G.; WALKER, Godfrey JA. Prevention of congenital syphilis: time for action. 2004.

BRASIL. Ministério da Saúde. Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis. Secretaria de Vigilância em Saúde. Available from <http://www.aids.gov.br/pt-br/pub/2019/boletim-epidemiologico-sifilis-2019>. Access on Aug 31, 2020.

PANAMERICAN HEALTH ORGANIZATION-PAHO. New generations free of HIV, syphilis, hepatitis b, and chagas disease: EMTCT plus in the Americas, 2018. 2019.

BRASIL. Ministério da Saúde. Boletim Epidemiológico de sífilis. Brasí¬lia: Secretaria de Vigilância em Saúde, 2020.

DORFMAN, David H.; GLASER, Joy H. Congenital syphilis presenting in infants after the newborn period. New England Journal of Medicine, v. 323, n. 19, p. 1299-1302, 1990.

GOMEZ, Gabriela B. et al. Untreated maternal syphilis and adverse outcomes of pregnancy: a systematic review and meta-analysis. Bulletin of the World Health Organization, v. 91, p. 217-226, 2013.

BOTTURA, Beatriz Raia et al. Perfil epidemiológico da sífilis gestacional e congênita no Brasil–período de 2007 a 2016/Epidemiological profile of gestational and congenital syphilis in Brazil–from 2007 to 2016. Arquivos Médicos dos Hospitais e da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, v. 64, n. 2, p. 69-75, 2019.

CONCEIÇÃO, Hayla Nunes da; CÂMARA, Joseneide Teixeira; PEREIRA, Beatriz Mourão. Análise epidemiológica e espacial dos casos de sífilis gestacional e congênita. Saúde em debate, v. 43, p. 1145-1158, 2020

Norwitz, E., & Hicks,C. (2021). Syphilis in pregnancy. In C. Lockwood (Ed.), J. Marrazzo (Ed.), Uptodate. Acessado em junho 19, 2021, por www.uptodate.com/contents/syphilis-in-pregnancy

PADOVANI, Camila; OLIVEIRA, Rosana Rosseto de; PELLOSO, Sandra Marisa. Syphilis in during pregnancy: association of maternal and perinatal characteristics in a region of southern Brazil1. Revista latino-americana de enfermagem, v. 26, 2018.

CABRAL, Beatriz Távina Viana et al. Sífilis em gestante e sífilis congênita: um estudo retrospectivo. Revista ciência plural, v. 3, n. 3, p. 32-44, 2017.

SCHMID, George P. et al. The need and plan for global elimination of congenital syphilis. Sexually transmitted diseases, v. 34, n. 7, p. S5-S10, 2007.

WORLD HEALTH ORGANIZATION et al. Guidelines for the treatment of Treponema pallidum. WHO Libr Cat Data, p. 1-60, 2016.

DOMINGUES, Carmen Silvia Bruniera et al. Brazilian Protocol for Sexually Transmitted Infections 2020: epidemiological surveillance. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v. 54, 2021.

BRAZIL. Ministry of Health. Epidemiologic bulletin of syphilis—2016. Secretary of Health Care. Available from <http://www.aids.gov.br/pt-br/pub/2016/boletim-epidemiologico-de-sifilis-2016> . Access on Dec 18, 2017.

GUIMARÃES, Thaíse Almeida et al. Sífilis em gestantes e sífilis congênita no Maranhão. Arquivos de Ciências da Saúde, v. 25, n. 2, p. 24-30, 2018.

SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE AGRAVOS DE NOTIFICAÇÃO (SINAN). Indicadores e Dados Básicos da Sífilis nos Municípios Brasileiros. Disponível em <http://indicadoressifilis.aids.gov.br/> . Acesso em 11 de abril de 2020.

DOMINGUES, Rosa Maria Soares Madeira; LEAL, Maria do Carmo. Incidência de sífilis congênita e fatores associados à transmissão vertical da sífilis: dados do estudo Nascer no Brasil. Cadernos de Saúde Pública, v. 32, n. 6, 2016.

MUÑOZ, Luz Angélica et al. Vivenciando a maternidade em contextos de vulnerabilidade social: uma abordagem compreensiva da fenomenologia social. Revista Latino-Americana de Enfermagem, v. 21, n. 4, p. 913-919, 2013.

ARAÚJO, Cinthia Lociks de et al. Incidência da sífilis congênita no Brasil e sua relação com a Estratégia Saúde da Família. Revista de Saúde Pública, v. 46, p. 479-486, 2012.

GONÇALVES, Helena Caetano et al. Incidência de sífilis congênita no estado de Santa Catarina no ano de 2012. Arquivos Catarinenses de Medicina, v. 46, n. 2, p. 15-25, 2017.

SHEFFIELD, Jeanne S. et al. Congenital syphilis after maternal treatment for syphilis during pregnancy. American journal of obstetrics and gynecology, v. 186, n. 3, p. 569-573, 2002.

CAMPOS, Ana Luiza de Araujo et al. Epidemiologia da sífilis gestacional em Fortaleza, Ceará, Brasil: um agravo sem controle. Cadernos de Saúde Pública, v. 26, p. 1747-1755, 2010.

DONALÍSIO, Maria Rita; FREIRE, June Barreiros; MENDES, Elisa Teixeira. Investigação da sífilis congênita na microrregião de Sumaré, Estado de São Paulo, Brasil-desvelando a fragilidade do cuidado à mulher gestante e ao recém-nascido. Epidemiologia e Serviços de Saúde, v. 16, n. 3, p. 165-173, 2007.

GUINSBURG, Ruth et al. Critérios diagnósticos e tratamento da sífilis congênita. Documento Científico–Departamento de Neonatologia. Sociedade Brasileira de Pediatria, v. 20, 2010.

LIMA, Marina Guimarães et al. Incidência e fatores de risco para sífilis congênita em Belo Horizonte, Minas Gerais, 2001-2008. Ciência & Saúde Coletiva, v. 18, p. 499-506, 2013.

ARAÚJO, Maria Alix Leite et al. Prevalence and factors associated with syphilis in parturient women in Northeast, Brazil. BMC Public Health, v. 13, n. 1, p. 206, 2013.

MAGALHÃES, Daniela Mendes dos Santos et al. Sífilis materna e congênita: ainda um desafio. Cadernos de Saúde Pública, v. 29, p. 1109-1120, 2013.

PATEL, Sameer J. et al. Missed opportunities for preventing congenital syphilis infection in New York City. Obstetrics & Gynecology, v. 120, n. 4, p. 882-888, 2012.

MINISTÉRIO DA SAÚDE (BR). SECRETARIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE. DEPARTAMENTO DE DOENÇAS DE CONDIÇÕES CRÔNICAS E INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS. Protocolo clínico e diretrizes terapêuticas para prevenção da transmissão vertical de HIV, sífilis e hepatites virais. 2015.

ROMANOWSKI, Barbara et al. Serologic response to treatment of infectious syphilis. Annals of internal medicine, v. 114, n. 12, p. 1005-1009, 1991.

TONG, Man-Li et al. Factors associated with serological cure and the serofast state of HIV-negative patients with primary, secondary, latent, and tertiary syphilis. PLoS One, v. 8, n. 7, p. e70102, 2013.

CLEMENT, Meredith E.; OKEKE, N. Lance; HICKS, Charles B. Treatment of syphilis: a systematic review. Jama, v. 312, n. 18, p. 1905-1917, 2014.

WORKOWSKI, Kimberly A. Centers for Disease Control and Prevention sexually transmitted diseases treatment guidelines. Clinical Infectious Diseases, v. 61, n. suppl_8, p. S759-S762, 2015.

ZHANG, Rui-Li et al. Molecular subtyping of Treponema pallidum and associated factors of serofast status in early syphilis patients: Identified novel genotype and cytokine marker. PLoS One, v. 12, n. 4, p. e0175477, 2017.

MESQUITA, Anna Larissa et al. Challenges for the prevention and control congenital syphilis. Millenium, n. 10, p. 31-37, 2019.

Published

2021-11-11

How to Cite

RESENDE, W. M. G.; SILVA, G. P. O.; FERREIRA, A. S.; SANTOS, K. F. L.; CRUZ, Ítalo R. R.; LOPES, I. M. D. Sífilis congênita: análise do bonômio mãe/filho no estado de Sergipe na última década / Congenital syphilis: analysis of the mother-child bonomies in the state of Sergipe in the last decade. Brazilian Journal of Health Review, [S. l.], v. 4, n. 6, p. 24484–24497, 2021. DOI: 10.34119/bjhrv4n6-072. Disponível em: https://ojs.brazilianjournals.com.br/ojs/index.php/BJHR/article/view/39386. Acesso em: 28 mar. 2024.

Issue

Section

Original Papers