Avaliação da qualidade do leite cru e prevalência de mastite no município de Mossoró-RN / Evaluation of raw milk quality and prevalence of mastitis in Mossoró-RN
DOI:
https://doi.org/10.34117/bjdv6n8-728Keywords:
Bovinocultura leiteira, Boas Práticas de Produção, BactériasAbstract
Objetivou-se avaliar a qualidade físico-química e microbiológica do leite cru e a prevalência da mastite bovina em uma propriedade leiteira no município de Mossoró-RN. Para isso, foram realizadas quatro visitas, onde foi aplicado um check list para avaliação dos procedimentos na propriedade, além de coletas de amostras. Foram realizados CMT e teste da caneca telada em todos os animais ordenhados; e ainda coletadas amostras de leite de animais com mastite clínica e subclínica para identificação do agente etiológico, resistência antimicrobiana e pesquisa de resíduos de antibióticos. Foram coletados swabs de diferentes pontos de contaminação, amostras do leite e de água, para pesquisa de coliformes à 35 e 45ºC e microrganismos mesófilos estritos e facultativos viáveis. Além disso, o leite foi avaliado quanto a qualidade físico-química. O leite apresentou contaminação elevada para bactérias mesófilas em 50% das amostras e os coliformes esteve presentes em todas as amostras de leite. Foi observado a presença destas bactérias nos swabs e na água. O leite apresentou dentro dos parâmetros exigidos pela legislação vigente quanto as análises físico-químicas. Quanto aos possíveis pontos de contaminação, verificou-se que com exceção das teteiras, todos os outros pontos contribuíram na contaminação do leite em pelo menos um dos microrganismos pesquisados. Observou-se que 52,3% dos pontos abordados estavam em conformidade com a literatura quanto aos procedimentos adotados na propriedade. O CMT identificou que 55,9% dos quartos analisados apresentavam mastite subclínica e o uso da caneca telada mostrou que a frequência de mastite clínica foi de 2,38%. O exame do leite identificou bactérias do gênero Staphylococcus spp. e Bacillus spp., e ainda fungos do gênero Aspergillus spp., Penicillium spp., Trichoderma spp. e levedura. Quanto ao perfil de sensibilidade dos isolados identificados como Staphylococcus spp., maiores índices de resistência foram observados para a Ceftriaxona, Ampicilina, Amicacina e Tetraciclina e maiores índices de sensibilidade para Levofloxacina, Imipenem e Gentamicina. Já em relação ao Bacillus spp. os antimicrobianos sensíveis foram o Imipenem, Gentamicina e Levofloxacina. Não foi detectado resíduos de antibióticos no leite analisado pelo método utilizado. Assim, torna-se evidente a necessidade de adoção de boas práticas de produção na propriedade com o intuito de melhorar a qualidade microbiológica do leite, sendo ainda necessário, o monitoramento da mastite e adoção de medidas preventivas que visem reduzir a incidência da doença na propriedade leiteira.
References
ARTURSSON, K. et al. Genotyping of Staphylococcus aureus in bovine mastitis and correlation to phenotypic characteristics. Veterinary Microbiology, v. 193, p. 156-161, 2016.
BRASIL, Ministério da Agricultura. Instrução normativa n° 62 de 26 de Agosto de 2003. Oficializa os métodos analíticos oficiais para análises microbiológicas para controle de produtos de origem animal e água. Diário Oficial da União, Brasília, p. 14, 18 set. 2003.
BRASIL, Instrução Normativa n. 76 de 26 de novembro de 2018a. Regulamentos Técnicos que fixam a identidade e as características de qualidade que devem apresentar o leite cru refrigerado, o leite pasteurizado e o leite pasteurizado tipo A, na forma desta Instrução Normativa e do Anexo Único. Diário Oficial [da] União, Brasília, 26 nov. 2018.
BRASIL, Instrução Normativa n. 77 de 26 de novembro de 2018b. Art. 1º Ficam estabelecidos os critérios e procedimentos para a produção, acondicionamento, conservação, transporte, seleção e recepção do leite cru em estabelecimentos registrados no serviço de inspeção oficial, na forma desta Instrução Normativa e do seu Anexo. Diário Oficial [da] União, Brasília, 26 nov. 2018.
BRASIL, Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Portaria de Consolidação nº 5, de 28 de setembro de 2017a. Consolidação das normas sobre as ações e os serviços de saúde do Sistema Único de Saúde. Diário Oficial [da] União, Brasília, DF, 28 set. 2017a.
BRASIL. Manual de métodos oficiais para análise de alimentos de origem animal/Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Secretaria de Defesa Agropecuária. MAPA. Diário Oficial [da] União, Brasília, DF, 2017b.
BRASIL. Ministério da Agricultura. Decreto n° 9.013 de 29/03/2017c. Regulamento da Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal – RIISPOA. Diário Oficial [da] União, Brasília, p. 10785, 29 Mar. 2017c.
BRITO, M. A. V. P. Diagnóstico microbiológico da mastite bovina. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE BUIATRIA, 8., 2009, Belo Horizonte. Anais... Belo Horizonte: Associação Brasileira de Buiatria, [s.n.], 2009. p.13.
CHA, E. et al. The value of pathogen information in treating clinical mastitis. Journal of Dairy Research, v. 83, n. 4, p. 456-463, 2016.
CLAUDINO FILHO, S. C. et al. Avaliação microbiológica de bactérias aeróbias mesófilas no leite in natura produzido em uma associação rural em Garanhuns-PE. Revista Brasileira de Agrotecnologia, v. 5, n. 1, p. 87-93, 2015.
CLSI publication M100-S25. Performance Standards for Antimicrobial Susceptility Testing; Twenty-Fifth Informational Supplement. Organisms by Clinical and Laboratory Standards Institute, v. 25, n. 3, January, 2015.
COSER, S. M.; LOPES, M. A.; COSTA, G. M. Mastite bovina: controle e prevenção. Boletim Técnico, n. 93, p. 1-30, 2012.
FAO, Food and Agriculture Organization of the United Nations. Dairy production and products. 2017.
FONSECA, C. R. Qualidade do leite de cabra in natura e do produto pasteurizado armazenados por diferentes períodos. Ciência e Tecnologia de Alimentos, v. 26, n. 4, p. 944-949, 2006.
GARCIA, L. G. C.; RIBEIRO, J. G.; ORSINE, J. V. C. Condições higiênico-sanitárias da rotina de ordenha de leite bovino. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.16, n.2, p.163-172, 2014.
JAMALI, H. et al. Prevalence and antimicrobial resistance of Staphylococcus aureus isolated from raw milk and dairy products. Food Control, v. 54, p. 383-388, 2015.
KAYITSINGA, J. et al. Antimicrobial treatment of clinical mastitis in the eastern United States: The influence of dairy farmers’ mastitis management and treatment behavior and atitudes. Journal of Dairy Science, v. 100, n. 2, p. 1388-1407, 2017.
MARTINS, R. P. Prevalência e etiologia infecciosa da mastite bovina na microrregião de Cuiabá, MT. Ciência Animal Brasileira, v. 11, n. 1, p. 181-187, 2010.
MEDEIROS, N. C. Qualidade do leite utilizado em queijarias artesanais no Rio Grande do Norte. 2017. 42f. Dissertação. Programa de Pós-graduação em Ciência Animal. Universidade Federal Rural do Semi-Árido. Mossoró, RN, 2017.
MENDES, C. A. et al. Análises físico-químicas e pesquisa de fraude no leite informal comercializado no município de Mossoró, RN. Ciência Animal Brasileira, Goiânia, v. 11, n. 2, p. 349-356, 2010.
MENEZES, I. R. et al. Qualidade microbiológica do leite cru produzido no Norte de Minas Gerais. Revista Brasileira de Ciência Veterinária, v. 22, n. 1, p. 58-63, 2015.
OLIVEIRA, A. A. F. et al. Mastite subclínica bubalina por Aspergillus fumigatus. Medicina Veterinária, v.1, n.2, p.73-77, 2007.
PERES NETO, F.; ZAPPA, V. Mastite em vacas leiteiras- revisão de literatura. Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária, v. 9, n.16, p. 1-28, 2011.
QUINN, P. J.; CARTER, M. E.; MARKEY, B.; CARTER, G. R. Clinical veterinary microbiology. Virginia: Wolfe, 1994.
RAHMAN, M. A. et al. Prevalence and risk factors of mastitis in dairy cows. The Bangladesh Veterinarian, v.26, n. 2, p. 54-60, 2009.
SANTOS, M. V. Qualidade do leite. California Mastitis Test (CMT). Ferramenta para diagnóstico da mastite. Inforleite, p. 32-34, 2013.
SANTOS, M. V. Boas práticas de producão associadas a higiene de ordenha e qualidade do leite. In: O Brasil e a nova era do mercado do leite - Compreender para competir. 1 ed. Piracicaba-SP: Agripoint Ltda, v. 1, p. 135-154, 2007.
SANTOS, M. V.; FONSECA, L. F. L. Estratégias para o controle de mastite e melhoria da qualidade do leite. São Paulo: Manole, 2007. 314p.
SILVA, C. R. et al. Qualidade físico-química e microbiológica de leite cru refrigerado em tanques de expansão no Município de Silveirânia, MG. Revista do Instituto de Laticínios Cândido Tostes, v. 61, n. 351, p. 201-204, 2006.
SILVA, L. C. C. et al. Rastreamento de fontes da contaminação microbiológica do leite cru durante a ordenha em propriedades leiteiras do Agreste Pernambucano. Semina: Ciências Agrárias, v. 32, n. 1, p. 267-276, 2011.
SILVA, S. A. S. D.; KANUGALA, K. A. N. P.; WEERAKKODYA, N. S. Microbiological quality of raw milk and effect on quality by implementing good management practices. Procedia Food Science, v. 6, p. 92-96, 2016.
VALLIN, V. M. et al. Melhoria da qualidade do leite a partir da implantação de boas práticas de higiene na ordenha em 19 municípios da região central do Paraná. Semina: Ciências Agrárias, v. 30, n. 1, p. 181-188, 2009.
YANG, J.; WEI, N.; WEI, L. Month-Wise Prevalence of Subclinical Mastitis in Dairy Cows in Guangdong Province, Chin. Journal of Integrative Agriculture, V. 11, N. 1, P. 166-169, jan. 2012.
YOON, Y.; LEE, S.; CHOI, K. Microbial benefits and risks of raw milk cheese. Food Control, v. 63, p. 201-2015, 2016.
ZIMERMANN, K. F.; ARAÚJO, M. E. M. Mastite bovina: agentes etiológicos e susceptibilidade a antimicrobianos. Revista Ciências Exatas e da Terra e Ciências Agrárias, v. 12, n. 1, p.1-7, jan./jul., 2017.