Uso racional de antimicrobianos por acadêmicos de um Centro Universitário do norte do Paraná / Rational use of antimicrobials by academics at a University Center in north of Paraná

Authors

  • Mayara Dos Santos Mendes Silva
  • Francine Maery Dias Ferreira

DOI:

https://doi.org/10.34117/bjdv6n10-518

Keywords:

Acadêmicos, Antimicrobianos, Resistência Bacteriana, Uso Racional de Medicamentos.

Abstract

Estimativas apontam que o Brasil é o quarto maior consumidor de medicamentos do mundo, dos quais, 40% são antibióticos. No entanto, o alto consumo e a utilização indiscriminada dessas substâncias aliadas à grande capacidade adaptativa dos microrganismos, ocasionou o surgimento de patógenos extremamente resistentes. Entre os fatores relacionados ao fenômeno da resistência bacteriana, destaca-se a automedicação, uma prática frequente em inúmeros grupos etários e em diferentes culturas, sendo também frequente entre estudantes universitários. O objetivo deste trabalho foi analisar o perfil de consumo de antimicrobianos entre estudantes universitários de diversas áreas do conhecimento visando compreender se existe entre essa população o uso irracional dos antibióticos. Trata-se de um estudo transversal realizado com estudantes universitários de uma universidade privada do norte do Paraná. A pesquisa foi realizada no período de 25 de junho a 10 de julho e os dados foram coletados através de um questionário semiestruturado enviado no e-mail de 100 alunos. Os resultados encontrados demonstraram que a maioria da amostra entrevistada foi constituída de pessoas do sexo feminino (61%) e a soma da faixa etária predominante neste estudo variou entre 17 e 31 anos (76%). Quanto à prática da automedicação, 26,8% dos acadêmicos entrevistados afirmou já ter se automedicado com antibióticos, porém, a maioria dos alunos referiu tê-los usado com prescrição médica (73,2%). Entre os que praticaram a automedicação, 41,7% disseram que o fizeram por indicação própria e 31,8% por indicação de balconistas de farmácia. No que se refere à doença tratada, esta pesquisa identificou que as infecções do trato respiratório superior foram as mais frequentemente reportadas (51,3%), seguidas pelas infecções do trato urinário (12,4%) e as penicilinas foi a classe de antibiótico mais utilizada. Quanto ao conhecimento sobre a aplicabilidade dos antibióticos, 62,3% dos entrevistados sabiam que estes fármacos são empregados para o tratamento de infecções causadas por bactérias, o restante, porém, respondeu de forma incorreta ou não soube a resposta. A automedicação é uma prática comum e prevalente entre os universitários entrevistados, com taxas de incidência se assemelhando aos índices encontrados em outras pesquisas do país. Deste modo, torna-se importante promover debates interdisciplinares relacionados ao uso racional de medicamentos visando melhorar a conscientização acadêmica sobre os riscos da prática da automedicação.

References

AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA (ANVISA). Segurança do paciente: higienização das mãos. Brasília: Ministério da Saúde; 2012. 95 p.

ALVES, T.A., MALAFAIA, G. Automedicação entre estudantes de uma instituição de ensino superior de Goiás / Self-medication among students of a high e reducation institution in Goiás. ABCS healthsci,v. 39, n.3, 2014.

ANDRADE, J.V., VASCONCELOS, P., CAMPOS, J., CAMURÇA, T. Prescrição antibiótica no ambulatório, Acta Med Port, v. 32, n.2, p.101-110, 2019.

AQUINO, D.S., BARROS, J.A.C., SILVA, M.D.P. A automedicação e os acadêmicos da área de saúde. Cien. Saude Colet.,v. 15, n.5, p. 2533-38, 2010.

BERROUET, M.C., LINCE, M., RESTREPO, D. Automedicación de analgésicos y antibióticos em estudiantes de pregrado de medicina / Self-medication of analgesics and antibiotics in medical students / Automedicação de analgésicos e antibióticos em estudantes de graduação de medicina. Med. U.P.B, v. 36, n. 2, p. 115-122, 2017.

BRASIL. Resolução da Diretoria Colegiada nº 20, de 5 de maio de 2011. Dispõe sobre o controle dos medicamentos à base de substâncias antimicrobianas. Diário Oficial da União, Brasília, 9 de maio de 2011.

BRASIL. Resolução da Diretoria Colegiada nº 44 de 17 de agosto de 2009. Dispõe sobre Boas Práticas Farmacêuticas para o controle sanitário do funcionamento, da dispensação e da comercialização de produtos e da prestação d serviços farmacêuticos em farmácias e drogarias e dá outras providências. Diário Oficial da República Federativa do Brasil. Poder Executivo, Brasília, DF, 17 ago. 2009.

CABRAL, L.G., MENESES J.P., PINTO,P.F.C., FURTADO, G.H.C. Racionalização de antimicrobianos em ambiente hospitalar / Antimicrobials tewards program in hospitals. Rev. Soc. Bras. Clín.Méd, v.16, n. 1, p. 59-63, 2018.

CANTARERO-ARÉVALO, L., HALLAS, M.P., KAAE, S. Parental knowledge of antibiotic use in children with respiratory infections: a systematic review. Int J Pharm Pract.v. 25, p. 31- 49, 2017.

CARMO, H., FERREIRA, M.M. Metodologia da investigação. Guia para Auto-Aprendizagem. 2a.ed.Portugal: Universidade Aberta; 2008.

CASTRO-SÁNCHEZ, E., MOORE, L.S., HUSSON, F., HOLMES, A. H. What are the factors driving antimicrobial resistance? Perspectives from a public event in London, England.BMC Infect Dis., v.1, n.1, 16:465, 2016.

COLARES, K.T.P., BARBOSA, F.C.R., MARINHO, B.M., SIVA, R. A. R. Prevalência e fatores associados à automedicação em acadêmicos de enfermagem / Prevalence and factors associated with self-medication in nursing students. Rev. enferm, v.13, n. 1, p. 1-9, 2019.

KADOSAKI, L.L, SOUSA, S.F., BORGES, J.C. M. Análise do uso e da resistência bacteriana aos antimicrobianos em nível hospitalar. Rev. Bras. Farm., Rio de Janeiro, v. 93, n. 2, p. 128-135, 2012.

LIMA, C.C., BENJAMIM, S.C.C., SANTOS, R.F.S. Bacterial resistance mechanismag a instdrugs: a review CuidArte, Enferm; v.11, n.1, p. 105-113, 2017.

MATOS, J.F., PENA, D.A. C. PENA, PARREIRA, M.P., SANTOS, D.C., COURA-VITA, W. Prevalência, perfil e fatores associados à automedicação em adolescentes e servidores de uma escola pública profissionalizante. Cad. Saúde Colet., v.26, n. 1, p. 76-83, 2018.

MORAES, L.G.M. et al. Automedicação em acadêmicos de Medicina / Self-medication in medical students. Rev. Soc. Bras.Clín. Méd, v. 16, n. 3, p.167-170, 2019.

MOTA, L.M., VILAR, F.C., DIAS, L.B.A., NUNES, T.F., MORIGUTI, J.C. Uso racional de antimicrobianos. Medicina (Ribeirão Preto), v.43, n.2, p.164-72, 2010.

OLIVEIRA, N.V.B.V., SZABO, I, BASTOS, L.L., PAIVA, S.P. Atuação profissional dos farmacêuticos no Brasil: perfil sociodemográfico e dinâmica de trabalho em farmácias e drogarias privadas. Saúde Soc. São Paulo, v.26, n.4, p.1105-1121, 2017.

ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU). Relatório sobre resistência bacteriana. Disponível em: https://www.who.int/antimicrobial-resistance/interagency-coordination-group/final-report/en/. Acesso em: 10 AGOS. 2020.

PIGNATARI, A. C. C.; MYAKE, M. M. Uso inadequado de antibióticos em infecções d trato respiratório superior: é tempo de agir. Brazilian Journal of Otorhinolaryngology.v.82, n. 2, p. 121-122, 2016.

POLIN, R.A., DENSON, S., BRADY, M.T.Strategies for prevention of health care-associated infections in the NICU. Pediatrics., v. 129, n. 4, p. 1085-93, 2012.

RANG, H.P., et al. Rang & Dale Farmacologia. 8ªed. Rio de Janeiro: Elsevier Brasil, 2016, p. 615.

RIBEIRO, V.V., SOUZA, C.A., SARMENTO, D.S., MATOS, J.J., ROCHA, A.S. Uma abordagem sobre a automedicação e consumo de psicotrópicos em Campina Grande-PB. Infarma, v.15, n.11, p.78-80, 2004.

ROSSI, U.L., SANTOS, M.C. Antibioticoterapia e sua automedicação: prática comum entre estudantes do curso de biomedicina.REVISTA UNIARA, v.17, n.2, 2014.

SALDANHA, D.S.S., RIBEIRO, J.F., SOUZA, M.B.M. O uso indiscriminado dos antibióticos: uma abordagem narrativa da literatura. Revista Interfaces da Saúde, v. 5, n.1, p. 12-37, 2018.

SAMPAIO, P.S., SANCHO, L.G., LAGO, R.F. Implementação da nova regulamentação para prescrição e dispensação de antimicrobianos: possibilidades e desafios. Cad. saúde colet., v.26, n. 1, p.15:22, 2018.

SCHUELTER-TREVISOL, F., TREVISOL, D.J., JUNG, G.S., JACOBOWSKI B. Automedicação em universitários. Rev. Bras. Clin. Med, v. 9, n.6, p. 414-17, 2011.

SILVA R.C.G., OLIVEIRA, T.M. CASIMIRO, T.S., VIEIRA, K.A.M., TARDIVO, M.T., FARIA, M. et al. Automedicação em acadêmicos do curso de Medicina. Medicina (Ribeirão Preto), v.45, n.1, p. 5-11, 2012.

SILVA, E.U. A importância do controle da prescrição de antimicrobianos em hospitais para melhoria da qualidade, redução dos custos e controle da resistência bacteriana. Prática Hospitalar, v.10, n.57, p. 23-31, 2008.

SILVA, C.M.C., MENEGHIM, M.C., PEREIRA, A.C., MIALHE, F.L. Educação em saúde: uma reflexão histórica de suas práticas. Cien Saude Colet,v. 15, n.5, p. 2539-2550, 2010.

TEIXEIRA, B.C., SILVA, L., CASALINI, C.E.C. perfil da automedicação em estudantes de ensino superior: impacto na resistência bacteriana. Revista Saúde Integrada, v. 12, n. 24, p. 67-68, 2019.

TOGNOLI, T.A., TAVARES, V.O., RAMOS, A.P.D., BATIGÁLIA, F., GODOY, J.M.P. RAMOS, R.R. Automedicação entre acadêmicos de medicina de Fernandópolis – SP. J. Health Biol. Sci., v. 7, n.4, p. 382-386, 2019.

TUYISHIMIRE, J. et al.Assessment of self-medication practices with antibiotics among undergraduate university students in Rwanda.Pan Afr Med J, v. 33, p. 307, 2019.

VANDEN E.J, MARCUS, R., HADLER, J.L., et al. Consumer attitudes and use of antibiotics. Emerg Infect Dis, v.9, n.9, p. 1128-35, 2003.

WANG, W. et al.The Misconception of Antibiotic Equal to an Anti-Inflammatory Drug Promoting Antibiotic Misuse among Chinese University Students.Int J Environ Res Public Health, v.16, n.3, 2019.

World Health Organization (WHO).The Rational Use of Drugs: Report of the Conference of Experts. Geneva: World Health Organization; 1987.

World Health Organization.(WHO) Publishes List of Bacteria for Which New Antibiotics are Urgently Needed. (2016). Disponível em: http://www.who.int/mediacentre/news/releases/2017/bacteria-antibiotics-needed/fr/. Acesso em: 11 Agost. 2020.

World Health Organization. (WHO) Multi-country survey reveals public misunderstanding about antibiotic resistance. Genebra, 2019. Disponível em: http://www.who.int/news-room/detail/16-11-2015-who-multi-country-survey-reveals. Acesso em: 10 Agos. 2020.

Published

2020-10-23

How to Cite

Silva, M. D. S. M., & Ferreira, F. M. D. (2020). Uso racional de antimicrobianos por acadêmicos de um Centro Universitário do norte do Paraná / Rational use of antimicrobials by academics at a University Center in north of Paraná. Brazilian Journal of Development, 6(10), 81223–81236. https://doi.org/10.34117/bjdv6n10-518

Issue

Section

Original Papers