Comparação dos métodos de Papanicolaou e Gram para diagnóstico laboratorial de vaginose bacteriana em material coletado da região cervical e fundo de saco vaginal/ Comparison of Papanicolaou and Gram methods for laboratory diagnosis of bacterial vaginosis in material collected from the cervical region and vaginal fornix

Authors

  • Sarah Galvão de Souza
  • Maria Gabrieli Zanlorensi
  • Maria Eduarda Tech
  • Andrea Timóteo dos Santos Dec
  • Carmen Antonia Sanches Ito
  • Ana Paula Xavier Ravelli
  • Ednéia Peres Machado

DOI:

https://doi.org/10.34117/bjdv7n11-221

Keywords:

Vaginose bacteriana. Teste de Papanicolaou. Colo do útero .

Abstract

Introdução: Vaginose bacteriana é definida como uma síndrome clínica polimicrobiana envolvendo a substituição de Lactobacillus spp. por microrganismos de vários gêneros, incluindo bactérias anaeróbias como Prevotella sp., Mobiluncus sp., Atopobium vaginae; Gardnerella vaginalis, Mycoplasma hominis, Ureaplasma urealyticum entre outras bactérias. O diagnóstico laboratorial de escolha para pesquisa de VB é a bacterioscopia pelo Gram, método simplificado por Nugent. No entanto, a VB e outras alterações relacionadas às infecções do trato genital feminino podem ser determinadas método de Papanicolaou, pela evidência de base nebulosa de pequenos cocobacilos, presença de clue cells e ausência notável de lactobacilos. Método: estudo transversal, com 102 mulheres, das quais foram examinados esfregaços da região ecto e endocervical do colo do útero pelo método de Papanicolaou, e de fundo de saco vaginal pelo método de Gram interpretados pelo escore de Nugent. Resultados: parâmetros indicadores de vaginose pelo PapaClue e Bethesda pelo Papanicolaou, comparado com o método de Gram segundo os critérios de Nugent mostrou que a maior parte dos resultados dos dois testes (Gram e Pap) é discordante na população estudada, concordância ruim (Kappa = 0,349) e concordância boa (Kappa = 0,489), respectivamente (p < 0,001). Quando os parâmetros do Papanicolaou são comparados entre si, a combinação PapaClue/Bethesda apresentou concordância boa (Kappa < 0,539),  também com significância estatística (p < 0,001). Conclusão: Esta pesquisa demonstrou baixa detecção de VB pelo Pap (5 %) em relação ao Gram (19%), em maioria (75%) de mulheres na fase reprodutiva.

References

AMSEL, R.; TOTTEN, P. A.; SPIEGEL, C. A.; CHEN, K. C. S.; ESCHENBACH, D. A.; HOLMES, K. K. Nonspecific vaginitis: diagnostic criteria and microbial epidemiologic associations. Am J Med, v. 74, n 1, p. 14-22, jan, 1983. Disponível em: <https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/0002934383911129>. Acesso em: 08 de jun. de 2021.

BARTLETT, J. G.; MOON, N. E.; GOLDSTEIN, P. R.; GOREN, B.; ONDERDONK, A. B.; POLK, B. F. Cervical and vaginal bacterial flora: ecologic niches in the female lower genital tract. Am J Obstet Gynecol. v.130, n. 6, p. 658-661, mar. 1978. Disponível em:< https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/637079/>. Acesso em: 08 de jun. de 2021.

BAUTISTA, C. T.; WURAPA, E.; SATEREN, W. B.; MORRIS, S.; HOLLINGSWORTH, B.; SANCHEZ, J. L. Bacterial vaginosis: a synthesis of the literature on etiology, prevalence, risk factors, and relationship with chlamydia and gonorrhea infections. Military Medical Research. v. 3, n. 4, p.1-10, 2016. Disponível em:< https://link.springer.com/article/10.1186/s40779-016-0074-5>. Acesso em: 08 de jun. de 2021.

BRASIL. Ministério da Saúde. Diretrizes brasileiras para o rastreamento do câncer do colo do útero. Coordenação Geral de Ações Estratégicas. Divisão de Apoio à Rede de Atenção Oncológica. Rio de Janeiro; INCA, 2011.

CATALANOTTI, P.; ROSSANO, F.; PAOLIS, P.; BARONI, A.; BUTTINI, G. E.; TUFANO, M. A. Effects of Cetyltrimetylammonium naproxenate on the adherence of Gardnerella vaginalis, Mobiluncus curtisii and Lactobacillus acidophilus to vaginal epithelial cells. Sexualy Transmitted Diseases. v. 21, n. 6, p. 338-344, nov-dez, 1994. Disponível em:< https://europepmc.org/article/med/7871448>. Acesso em: 11 de jun. de 2021.

COHEN, C. R.; LINGAPPA, J. R.; BAETEN, J. M.; et al. Bacterial vaginosis associated with increased risk of female-to-male HIV-1 transmission: a prospective cohort analysis among African couples. PLoS Medicine. v. 9, n. 6, 2012. Disponível em:< https://journals.plos.org/plosmedicine/article?id=10.1371/journal.pmed.1001251>. Acesso em: 11 de jun. de 2021.

CURIEL-VALDÉS, J. J.; BRIONES-PIMENTEL, J.; BANDALA, C. Improving sensitivity of cervical cytology by removal of cervical secretions before sampling: a prospective study in México. Inst J. Clin Exp Pathol. v. 7, n. 9, p. 5895-5901, ago, 2014. Disponível em:< https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4203203/>. Acesso em: 13 de jun. de 2021.

DAVIS, J. D.; CONNOR, E. E.; CLARK, P.; WILKINSON, E. J.; DUFF, P.; Correlation between cervical cytologic results and Gram stain as diagnostic test for bacterial vaginosis. Am J. Obstet Gynecol. v. 77, n. 3, p. 532-535, set. 1997. Disponível em:< https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0002937897701418>. Acesso em: 13 de jun. de 2021.

DI ROSA, D. & MASTRANTONIO, P. Anaerobi e infezioni ginecologiche. Recenti Progessi in Medicina. v. 84, n. 11, p. 794-800, nov. 1993.

DISCACCIATI, M. G.; SIMÕES, J. A.; AMARAL, R. G.; BROLAZO, E.; RABELO-SANTOS, S. H.; WESTIN, M. C. A.; MONTEMOR, E. B. L. Presence of 20% or more clue cells: na accurate criterion for the diagnosis of bacterial vaginosis in Papanicolaou cervical smears. Diagn Cytopathol. v.34, n. 4, p. 272-276, apr. 2006. Disponível em:< https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1002/dc.20418>. Acesso em: 13 de jun. de 2021.

DONDERS, G.G.G. Definition and classification of abnormal vaginal flora. Clinical Obstetrics and Gynaecology. v. 21, n. 3, p. 355-373, jun. 2007. Disponível em:< https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S152169340700003X>. Acesso em: 16 de jun. de 2021.

DUARTE, S. M. da S.; FARIA , F. V.; LIMA, R. M. de S.; SAMPAIO, J. S.; MAIA, T. M. B.; GUIMARÃES, G. R.; MARTINS, M. de O. Fisiopatologia, diagnóstico e tratamento da vaginose bacteriana. Braz. J. of Develop. v. 5, n. 10, p. 21467-21475, out. 2019. Disponível em:< https://www.brazilianjournals.com/index.php/BRJD/article/view/4062>. Acesso em: 16 de jun. de 2021.

ELEUTÉRIO Jr, J. E.; CAVALCANTE, D. I. M. Contagem de morfotipos Mobiluncus sp e concentração de leucócitos em esfregaços vaginais de pacientes com vaginose bacteriana. RBGO. v. 26, n. 3, p. 221-225, 2004. Disponível em:< https://www.scielo.br/j/rbgo/a/HNRp7ZN4NmLvYxTXFtdryMR/?format=pdf&lang=pt>. Acesso em: 16 de jun. de 2021.

ERIKSSON, K., FORSUM, U.; BJORNEREM, A.; PLATZ-CHRISTENSEN, J. J. E.; LARSSON, P. G.; Validation of the use of Pap-stained vaginal smears for diagnosis of baterial vaginosis. APMIS. v. 115, n. 7, p. 809-813, jul. 2007. Disponível em: <https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1111/j.1600-0463.2007.apm_607.x>. Acesso em: 16 de jun. de 2021.

ESCHENBACH, D. G., HILLIER, S., CRITCHOLOW, C.; STEVENS, C.; DEROUEN, T.; HOLMER, K. K. Diagnosis and clinical manifestations of bacterial vaginosis. American Journal of Obstetrics and Gynecology. v. 158, n. 4, p. 819-28, abr. 1988. Disponível em:< https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/0002937888900786>. Acesso em: 18 de jun. de 2021.

GILLET, E.; MEYS, J. F.;RSTRAELEN, H.; et al. Bacterial vaginosis is associated with uterine cervical human papillomavirus infection: a meta-analysis. BMC Infectious Diseases. 2011;11:10. doi:10.1186/1471-2334-11-10. Disponível em: < https://link.springer.com/article/10.1186/1471-2334-11-10>. Acesso em: 18 de jun. de 2021.

GIRALDO, P. C.; PASSOS, M. R. L.;BRAVO, R.; VARELLA, R. Q.; CAMPOS, W. N.A.; AMARAL, R. L. do, MARUSSI, E. O frequente desafio do entendimento e do manuseio da vaginose bacteriana. DST-J.bras Doenças Sex Transm. v. 19, n. 2, p. 84-91, 2007. Disponível em:< http://ole.uff.br/wp-content/uploads/sites/303/2018/01/r19-2-2007-5.pdf>. Acesso em: 18 de jun. de 2021.

HASENACK, B. S.; MIQUELÃO, A. K. M. B.; MARQUEZ, A. S.; PINHEIRO, E. H. T. E.; URNAU, A. P. Estudo comparativo dos diagnósticos de vaginose bacteriana pelas técnicas de Papanicolaou e Gram. RBAC, v. 40, n. 2, p. 159-162, 2008. Disponível em:< https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/lil-510341?src=similardocs>. Acesso em: 20 de jun. de 2021.

HAY, P. E.; LAMONT, R. F.; TAYLOR-ROBINSON, D.; MORGAN, D. J.; ISON, C.; PERASON, J. L. Abnormal bacterial colonization of the genital tract and subsequent preterm delivery na late miscarriage. Britanish Medical Journal. n. 308, p. 295-298, jan. 1994. Disponível em:< https://www.bmj.com/content/308/6924/295.short>. Acesso em: 20 de jun. de 2021.

HERRERO, D. R.; DOMINGO, A. A. Vaginosis bacteriana. Enferm Infecc Microbiol Clin. v. 34, n. 3, p. 14-8, 2016. Disponível em:< https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0213005X16302142>. Acesso em: 20 de jun. de 2021.

HILLIER, S. L. Diagnostic microbiology of bacterial vaginosis. AJOG. v. 169, n. 2, part 2, p. 455-459, ago. 1993. Disponível em:< https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/000293789390340O>. Acesso em: 20 de jun. de 2021.

HILLIER, S.; KROHN, M. A.; RABE, L. K.; KLEBANOFF, S. J. E.; ESCHENBACH, D. A. The normal vaginal flora, H2O2 – producing lactobacilli, and bacterial vaginosis in pregnant women. Clinical infection diseases. v. 16, sup 4, p. 273-281, jun. 1993. Disponível em: < https://academic.oup.com/cid/article-abstract/16/Supplement_4/S273/343386>. Acesso em: 22 de jun. de 2021.

HILL, G. B. The microbiology of bacterial vaginosis. Am Jl obstet Gynecol. v. 169, n. 2, p. 450-454, Ago. 1993. Disponível em:< https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/000293789390339K>. Acesso em: 22 de jun. de 2021.

HOLST, E; GOFFENG, A. R. E.; AMENDERSCH, B. Bacterial vaginosis and vaginal microorganisms in idiopathic premature labor and association with pregnancy outcome. J clinl microbiology. v. 32, n.1, p. 176-186, jan, 1994. Disponível em: < https://journals.asm.org/doi/abs/10.1128/jcm.32.1.176-186.1994>. Acesso em: 22 de jun. de 2021.

LEFEVRE, J. C. Données bactériologiques recentes: de la physiopathologie au traitement. Rev Française de Gynecoloogies et d’obstetrique. v. 88, n. 3, p. 207-210, mar. 1993.

MA, B.; FORNEY, L. J.; RAVEL, J. The vaginal microbiome: rethinking health and diseases. Annual review of microbiology. v. 66, p. 371-389,2012. Disponível em:< https://www.annualreviews.org/doi/abs/10.1146/annurev-micro-092611-150157>. Acesso em: 26 de jun. de 2021.

MARTINS, M. C. L. M.; BÔER, C. G.; SVIDZINSKI, T. I. W.; DONIDA, L. G.; MARTINS, P. F. A.; BOSCOLI, F. N. S. E.; CONSOLARO, M. E. L. Avaliação do método de Papanicolaou para triagem de algumas infecções cérvico-vaginais. RBAC. v. 39, n. 3, p. 217-221, 2007. Disponível em:< https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/lil-501843>. Acesso em: 26 de jun. de 2021.

MCGREGOR, J. A.; FRENCH, J. I. Bacterial vaginosis in pregnancy. Obstetrical and Gynecology Survey. v. 55, n. 5, p1-9, mai. 2000. Disponível em: < https://journals.lww.com/obgynsurvey/Abstract/2000/05001/Bacterial_Vaginosis_in_Pregnancy.1.aspx>. Acesso em: 26 de jun. de 2021.

MITRA, A.; MACINTYRE, D. A.; MARCHESI, J. R.; LEE, Y. S.; BENNETT, P. R.; KYRGIOU, M. The vaginal microbiota, human papillomavirus infection and cervical intraepithelial neoplasia: what do we know and where are we going next? Microbiome. v. 4, n. 58, 2016. Disponível em:< https://microbiomejournal.biomedcentral.com/articles/10.1186/s40168-016-0203-0>. Acesso em: 26 de jun. de 2021.

NICAND, E.; CAVALLO, J. D.; CRENN, Y.; MEYRAN, M. Valeur du score au Gram dans le diagnostic des vaginoses bactériennes. Path Biol. v. 42, n. 5, p. 539-543, 1994.

NUGENT, R. P.; KROHS, M. A. E.; HILLIER, S. L. Reliability of diagnosing bacterial vaginosis improved by standradized method of Gram stain interpretation. J. Clin Microbiol. v. 29, n. 2, p. 297-301, fev. 1991. Disponível em:< https://journals.asm.org/doi/abs/10.1128/jcm.29.2.297-301.1991>. Acesso em: 26 de jun. de 2021.

O’HANLON, D. E.; MOENCH, T. R.; CONE, R. A. Vaginal pH and microbicidal lactic acid when Lactobacilli dominate the microbiota. PLoS ONE, v. 8, n. 11, 2013. Disponível em:< https://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0080074>. Acesso em: 02 de jul. de 2021.

OH, H. Y,.;KIM, B. S.; SEO, S. S.; KONG, J. S.; LEE, J. K.; PARK, S. Y.; et al. The association of uterine cervical microbiota with an increased risk for cervical intraepithelial neoplasia in Korea. Clin Microbiol Infect. v. 21, n. 7, mar. 2015. Disponível em:< https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1198743X15003183>. Acesso em: 02 de jul. de 2021.

SALOMON, D. E.; NAYAR, R. Sistema Bethesda para citopatologia cervicovaginal. 2º ed, Editora Revinter, 2005.

VARDAR, E.; MARAL, I.; INAL, M.; ÖZGÜDER, O.; TASLI, F.; POSTACI, H. Comparison of Gram satin Pap smear procedures in the diagnosis of bacterial vaginosis. Infect Dis Obstet Gynecol. v. 10, n. 4, p: 203-207, 2002. Disponível em:< https://www.hindawi.com/journals/idog/2002/706342/>. Acesso em: 02 de jul. de 2021.

WITKIN, S. S,. MENDES-SOARES, H.; LINHARES, I. M.; JAYARAM, A.; LEDGER, W. J.; FORNEY, L. J. Influence of vaginal bacteria and d- and l-lactic acid isomers on vaginal extracellular matrix metalloproteinase inducer: implications for protection against upper genital tract infections. mBio. v. 4, n. 4, 2013. Disponível em:< https://journals.asm.org/doi/full/10.1128/mBio.00460-13>. Acesso em: 02 de jul. de 2021.

Published

2021-11-14

How to Cite

Souza, S. G. de, Zanlorensi, M. G., Tech, M. E., Dec, A. T. dos S., Ito, C. A. S., Ravelli, A. P. X., & Machado, E. P. (2021). Comparação dos métodos de Papanicolaou e Gram para diagnóstico laboratorial de vaginose bacteriana em material coletado da região cervical e fundo de saco vaginal/ Comparison of Papanicolaou and Gram methods for laboratory diagnosis of bacterial vaginosis in material collected from the cervical region and vaginal fornix. Brazilian Journal of Development, 7(11), 104930–104945. https://doi.org/10.34117/bjdv7n11-221

Issue

Section

Original Papers